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Folhateen: Quando Eu Tinha a Sua Idade

Evandro conta á sessão "Quando Eu Tinha a Sua Idade", da Folhateen, sobre sua adolescência como nunca tinha contado antes para nenhuma entrevista. Confira:

   Ser gay na escola é pesado. Dizem que você fala mole, cochicham quando você passa.
  Eu apanhava muito. Tinha um menino em Uberaba (MG) que sempre vinha me dar voadora. Era um gato! Depois, soube que ele tinha um caso com uma bichinha rica da cidade. Na escola, eu não era aceito nem pelos meninos nem pelas meninas. E eu queria ser muito popular. Até que conheci um povo mais velho e comecei a andar com eles. Passei a me sentir superior aos meus colegas, porque trabalhava, ouvia LP e comprava a revista "Bizz".

  Tive um amor platônico dos 11 aos 13 anos por uma menina chamada Lilian. Fiquei dois anos para desencanar daquela vaca. Escrevia o nome dela no caderno, ficava de bicicleta na porta dela, e ela me detestava. Acho que virou prostituta em Portugal.
  Foi com um menino que perdi a virgindade, aos 15. Na primeira vez, não teve nada de especial. Foi numa escola abandonada, com um garoto que eu não namorava. Minha adolescência foi marcada por muita balada. Aos 13 anos, eu pulava o muro das boates de Uberaba. Como eu estudava e pagava as contas lá de casa, achava que merecia me divertir. Eu vendia roupa e era garçom nessa época. 

  Aos 14, saí de casa. Minha mãe conheceu um cara, virei um estorvo. Nenhum pai quer um filho gay. Eu pensava: "Se sou adulto para pagar conta, porque não posso sair?". 
 Tentei vir para São Paulo três vezes. Na primeira, não consegui pegar o ônibus porque era menor de idade. Depois, roubei um monte de coisas de casa e tentei fugir de trem. Mas fui pego, me deram uma surra e perdi o trem.
  Na terceira tentativa, vim de carona com caminhoneiros. Rolava safadeza, mas eu sabia que isso ia acontecer... O caminho durou umas 15 horas. Eu estava doido para chegar! Queria andar de metrô, ir comer no McDonald.

Evandro aos 18 anos, na escadaria do metrô Paraíso, em São Paulo

Fui me virando. Dividi apartamento com uma amiga travesti que ficava o dia inteiro ensaiando coreografia para o programa do Silvio Santos. Eu queria roupa de marca, mas não tinha grana. Uns amigos roubavam bolsas dos hóspedes do flat onde trabalhavam, e a gente fazia bazar no apê. Assim que consegui minha primeira calça Forum.
  Perdi muito cedo o limite do "pode" e do "não pode". 
  Eu queria o clichê da cidade grande: vencer. Me espelhava na Madonna. Quando estava sem grana, olhava para os LPs dela e era uma coisa meio mística, me dava força. Aos 17, entrei no humor, em uma agência de telegrama animado. A primeira apresentação foi a despedida de um funcionário de uma montadora.
  Estava supernervoso! Ao entrar, repeti as piadas das bichas da boate e vi que todos riam. Foi com elas que aprendi a fazer humor.

fonte
Folha
adaptação
Pior Fan

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