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Entrevista ao Uol Celebridades


Com um humor apimentado, inteligente e sem papas na língua Evandro Santo ficou conhecido nacionalmente por seu personagem Christian Pior, do "Pânico na TV!", da RedeTV!. Além de seu trabalho na TV, Evandro escreve para dois blogs, tem um programa de rádio em que dá conselhos amorosos e recentemente foi citado no programa religioso "Fala que Eu te Escuto" (Record), como exemplo de pessoas que passaram por conflitos familiares.

Hoje, aos 36 anos, em entrevista ao UOL, o humorista de Uberaba, interior de Minas Gerais, avalia sua carreira, a vida de famoso e diz como conseguiu fazer as pazes com a mãe, quase dez anos depois de ter sido expulso de casa pelo padrasto, que não aceitou sua homossexualidade.

UOL - Fale um pouco sobre começo da sua carreira. Quando você decidiu que seria humorista?
Evandro Santo - Eu nunca pensei em ser humorista. Na verdade, quando eu saí de casa muito cedo eu queria mesmo era dar certo. Mas não sabia exatamente o que fazer. Sempre gostei muito de dança e meu primeiro contato com a arte foi na dança. O humor acabei tendo contato através de um grande amigo meu, o Álvaro, hoje ele está doente, mas viveu muito bem a vida. Ele me apresentou o telegrama animado. Fiz o primeiro aos 17 anos, já em São Paulo. O dono da agência em que trabalhávamos nos explorava muito, e um dia, quando descobri que o Palhaço [um personagem do telegrama] ganhava mais do que eu, fiquei muito revoltado. Não que ele não merecesse, mas fiquei muito revoltado e pedi demissão. Decidimos então, eu e o Álvaro,  a termos o nosso negócio. Nossa agência começou nos fundos do brechó da mãe dele. Fiz um mailling e puxei uns clientes da empresa anterior pra nós.

UOL - Nesta época você só fazia telegramas animados. Quando você começou a se apresentar em espetáculos e shows?
Evandro Santo -
Ah sim, eram telegramas e animava festas. Um dia, não me recordo bem, mas em 2002, eu acredito, fui assistir aos espetáculos "Cócegas" e "Terça Insana". Aquele lance, aquelas pessoas mexeram comigo. Essa coisa de criar ficou na minha cabeça. Decidi então montar o "Deboshow", com mais cinco amigos e fui fazer apresentações na "Trash 80" [casa noturna em São Paulo]. Para minha sorte, a boate estava no auge. Também foi logo que esses grupos de humor moderno começaram a surgir. Depois que saí deste grupo fiz um espetáculo solo, "Work", com a Andréia [amiga e assessora], montei o show "Botox, Caras e Bocas" e depois o "Absurto", que estava em cartaz quando entrei para o "Pânico na TV!". E nessa pegada, já são oito anos de carreira.

UOL - E depois que você foi para a TV, sua vida mudou muito?
Evandro Santo -
Sim, mudou muito. Eu sou parado nas ruas o tempo todo. As pessoas me chamam, chamam o Christian [Pior, personagem de Evandro na TV]. Elas pedem para tirar fotos, pedem para eu dizer algumas frases do Christian, querem autógrafos... As coisas vieram muito grandes para mim, tanto para o bem quanto para o mal. Hoje a alegria é grande, mas as angústias também.

UOL - E por que as angústias são grandes?
Evandro Santo -
O que acontece é que é muito difícil às vezes. Você fica famoso, aparece na televisão no horário nobre e todo mundo sabe quem você é. Com isso, recebe todas as facilidades, é convidado para diversos eventos e festas, alguma legais e outras não. Acontece que também existem as pessoas que te criticam, que te julgam, que acham você chato e metido. Além disso tudo, existem as pessoas interesseiras, cabe a você ver de qual jogo quer participar. Existem dois tipos de pessoas interesseiras, umas são aquelas que querem você perto, mas pensam em te dar algo de volta, e as outras são aquelas que querem te sugar, arrancar tudo de você e não querem te dar nada de volta.

UOL - E o que você faz para conviver com isso?
Evandro Santo -
Bem, é nesta hora que você se liga. Essa é a vida adulta, você às vezes tem dificuldade em lidar com isso e às vezes você paga para ver o que acontece --e nem sempre se dá bem. Aí você descobre também que o meio que quer fazer parte não é tão interessante assim, aí você descobre que você também não é tão interessante assim. (Pausa) Então, você descobre que as coisas são mais fáceis e a vida mais simples do que é. Quando você entra nesse meio, percebe que não é tudo aquilo. Aí, vai de você decidir se quer ficar parado naquela bolha, ou se vai viver a sua vida.

UOL - Como Christian Pior você passa a ideia de que o glamour é tudo, mas você, Evandro, mostra o contrário. O glamour é mesmo tudo?
Evandro Santo -
Não, o prazer é tudo. Tem três tipos de pessoas no mundo. As que querem o dinheiro, as que querem o poder e as que querem o prazer. As que querem dinheiro são aquelas que casam por interesse, que trabalham com o que não gostam e que vivem pela grana. As que querem o poder são aquelas que vivem de aparências, que jantam com uma pessoa que elas detestam, que fazem alianças com o inimigo e passam por cima de outras pessoas e da família. Nem sempre elas fazem isso por maldade, mas por gostarem do poder. Por último, as pessoas do prazer, e eu sou uma delas. Só faço o que gosto, o que quero e acredito. Qualquer coisa que me force demais eu não consigo fazer. Quem gosta de poder e glamour, geralmente mistura essas coisas. No começo na minha carreira, um cara me disse que eu deveria andar mais com a Sabrina [Sato], pois ela era muito poderosa no "Pânico". Nossa (pausa), eu achei isso um absurdo. Ela é uma pessoa maravilhosa, um ser humano incrível, fiquei tão encucado com isso, que demorei mais de um ano para ir na casa dela.

UOL - De quem você é mais próximo no "Pânico"?
Evandro Santo -
A Sabrina é a mais próxima e eu amo de paixão. Mas, o Bola, o Carioca e a Amanda da rádio, são as outras pessoas que eu tenho mais contato, que eu admiro, aprendo e trabalho junto.

UOL - E o Emílio [Surita] é um bom chefe?
Evandro Santo -
Eu tenho uma visão muito diferente de chefe. Por exemplo, qualquer coisa que o Emilio for fazer, seja por bem ou por mal, eu vou entender que é para o bem da equipe. Sabe, administrar dez, doze egos não é fácil. Toda semana ali trabalhando por Ibope, cuidando da cabeça da gente. Então, qualquer estresse, qualquer coisa dele eu vou entender. Porque se para mim, que sou uma fatia da pizza, às vezes é tenso, imagina para ele que é o cara que faz a pizza. Sinceramente, o Emilio merece respeito, ele tem aquele pique, ainda trabalha na rádio, tem uma família. Eu não sei se conseguiria ser ele, você tem que entender seu chefe. As pessoas têm mania de falar, mas você não sabe o que ele faz, o que ele aguenta para estar ali.

UOL - É verdade que dentro do Pânico existe brigas de ego?
Evandro Santo -
Pra mim funciona assim: eu sou adulto, tenho 36 anos. Eu trabalho e sou pago para aquilo. Então, se chegarem pra mim e falarem que meu trabalho está uma bosta, eu vou perguntar o por que, vou pedir para me mostrarem onde está o problema. Por que assim eu vou poder melhorar. Às vezes você cai em uma coisa automática. Você tem que entender que seu chefe, o seu diretor podem cobrar de você. Não existe pra mim esse lance de chegar atrasado na gravação, de desmarcar trampo por causa de festa... Se você trabalha ali, você tem que honrar seus compromissos. Você tem que ser adulto e manter uma conduta legal no trabalho. Se sua matéria está uma bosta, não vai pro ar e você tem que entender e melhorar, não dá para dar piti. E outra, é uma equipe, você tem que respeitar as pessoas que trabalham com você. Não dá para ficar bancando a "diva", a "louquinha", o lance todo é ser adulto e saber lidar com a fama.

UOL - Como funciona o seu programa na rádio? Você se sente feliz "ajudando" as pessoas que ligam para o "Missão Impossível"?
Evandro Santo -
Ah, é engraçado. Nós selecionamos por casos: adultério, divórcio, romances... A produção separa os casos e nós temos que solucionar problemas que não são nossos, e isso não é fácil. Você tem que ajudar, eu sempre tento dar uma lição prática. Não adianta ficar passando receita de bolo. As pessoas às vezes insistem em ficar com algo que já não dá mais. Eu tento passar o melhor de mim, eu gosto do trabalho e tem as histórias que marcam.

UOL - Você virou pauta do programa religioso "Fala Que Eu Te Escuto", da Record. O que você achou disso?
Evandro Santo -
Legal! (Risos) Mas, depende da pauta né?! Tem coisa que não dá. Essa pauta eu não vi, as pessoas sempre me falam deste programa, mas eu nunca vi. Não tenho nada contra, absolutamente nada, mas acho que existe uma linha tênue entre você virar pauta e ser instrumento para promoção. Se eu sirvo de esperança para você, tudo bem, que bom. Mas, não queira me doutrinar, acho muito chato.

UOL - Hoje você se sente realizado profissionalmente? Como a sua família vê isso? A sua relação com eles melhorou?
Evandro Santo -
Bom, depois de um tempo, eu consegui ver o que de fato queria. Sai de casa em uma situação "x", caí no mundo, vivi e dei a volta por cima. Eu mostrei que era capaz, algo mais ou menos assim: "Mãe, olha onde eu cheguei". Sou o cara mais famoso da família. Passado isso, você olha pra sua mãe e pensa: olha o que ela passou, de onde ela veio. E você começa a reparar como mãe, como humana, como mulher. Ai você começa a entender, respeitar essa pessoa. Quando você entende alguém, você pode optar por ficar próximo ou não. Tanto que se nada do que eu passei tivesse acontecido, hoje talvez eu estaria lá em Uberaba sendo vendedor de loja. Hoje eu consegui uma realização profissional muito legal e com isso posso ajudar minha mãe. Hoje, minha relação com minha mãe é boa. Eu consegui o que eu queria, que era a aceitação dela.

Fonte: Uol Celebridades

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