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Entrevista para 'Quando as Borboletas se Calam' Parte 01

Sua história é um Conto de Fadas, mas ele jura que não é nem a Gata Borralheira e muito menos a Pretty Woman! Será? Seu ídolo? Madonna, claro! Confissões, e algo mais sobre Evandro Santo que você só encontra aqui ...

@MiaPalenza Alguém já deve ter dito à você que a sua história é um contos de fadas. Foi arrancado dos braços da tia, pessoa que você pensava que fosse sua mãe...e derrepente o sonho acaba....adeus pudin e pavê de abacaxi. Então, é obrigado a conviver com o Padastro, apanha diariamente da mãe Helena (tipo novela de Manuel Carlos, rs) Como foi essa fase pra você?

@SantoEvandro Uma fase bem complicada e eu ficava horas e dias fantasiando com a idéia de fugir dali e vir para Sampa. Eu tinha uma idéia muito fixa por esta cidade e queria vir pra cá, pra "vencer". Eu tinha um mundo só meu, de fantasias, músicas, danças e leituras que ninguém entrava, só eu e minha imaginação, Então, quando a situação se tornava por demais desagradável, eu corria para este meu mundo interno e dava certo...por algumas horas.

@MiaPalenza Você, com certeza, conhece o conto italiano popular chamado “A Gata Borralheira”. do escritor francês Charles Perrault. Você já parou para pensar que a sua história é bem parecida com a história da “Gata Borralheira?

@SantoEvandro Não tem nada a ver, rsrsrsrs. Ela era muito ingênua, as coisas aconteceram para ela sem ela se movimentar: A fada, o vestido a carruagem. Eu sempre quis a fada, o vestido, a carruagem , só que fui atrás e saí fora da madrasta e irmãs maldosas.
Eu sabia q algumas coisas seriam provisórias e quanto mais eu lesse, escrevesse, e soubesse das coisas, mais fácil iria ser para eu vencer. Deixei de ser inGênuo muito cedo...rsrsrs.


@MiaPalenza Aos nove anos de idade, você pega a estrada para São Paulo, mas a Polícia o devolve para sua mãe, quem te espera furiosa. Mais uma vez parece história de contos de fadas. Onde a “bruxa”, (referindo-me a Polícia), impede que você encontre o caminho, ou a saída da floresta, e a “felicidade”. Você sabia o que estava fazendo? Você se sentiu frustado, ao ser resgatado pelos policiais?


@SantoEvandro Ali eu tinha 9 anos e sabia que eu não sobreviveria sozinho. Aquilo foi mais um grito de socorro, uma maneira de ganhar um tempo das surras, de me tratarem um pouco melhor por alguns dias. Deu certo. Por alguns dias, rsrsrs.

@MiaPalenza Você já recolheu latinha e ferro velho nas ruas, pediu comida nas lanchonetes de um shopping. Situação sub humana. Logo após, foi caçado pelo juizado de menores. Você não era, mas foi tratado como um menor infrator. O que esse período difícil representou na sua vida?

@SantoEvandro Era um período que eu queria fazer algum dinheiro, afinal, as coisas bonitas custam caro... E não tinha muito esta noção de marginalidade... queria vender algum cobre, algum alumínio e ter dinheiro para andar em todos os brinquedos do parquinho e comprar todos os gibis que eu pudesse.

@MiaPalenza Adoro a parte de sua história, em que você relata “um período marginal”. Na minha visão jornalística, foi um período meio “Pixote”. É obvio que você nunca matou ninguém. Pixote: o ator, morreu... Evandro: o ator, viveu e venceu! Fale-nos sobre esse momento fascinante da sua vida.

@SantoEvandro O período marginal, é a hora em que você cai na vida e tem contato com todo o tipo de gente, pessoas boas e ruins e aprende o que é a vida, que todos tem um lado bom e ruim e estes oscilam perante a sobrevivência. E quando você aprende a ter jogo de cintura, malandragem, e percebe o valor da palavra integridade, que é quando você percebe que apesar de todas as coisas que acontecem, mesmo na guerra, você pode preservar seus sonhos e seu caráter. É como se você dissesse para você mesmo:

“Até aqui vocês me roubam, mais do que isto, não permito, senão, daqui a pouco, cadê eu?”

É quando você mora com todo tipo de gente, faz tudo para conseguir pagar o aluguel, as contas, é quando você percebe o que é capaz de fazer para comer. Instrutivo!

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