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Notícias: Entrevista Gazeta do Cambuí

Humorista mineiro reúne as maldades de amigos e bordões para compor o estilista Christian Pior


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exta-feira passada. Aos primeiros sinais do entardecer, uma legião de mulheres aguarda ansiosamente a chegada ao Cambuí de Evandro Santo. Ou melhor: de Christian Pior, o aspirante a estilista de Meda, quadro de humor do programa Pânico na TV. Aos 32 anos, fã confesso de Madonna, Evandro é o criador de Pior. Tal como um improviso teatral, a personagem que ultimamente está dando o que falar surgiu a partir de um telefonema entre Emilio Surita, apresentador do programa, e o humorista. "É pegar ou largar?, ele dizia", lembra Evandro.

Depois de dar um chá de cadeira de aproximadamente três horas na mulherada, Pior desembarcou no bairro. O atraso foi justificado logo na entrada da loja Spazio Galpão 8: "Estou desde cedo em compromissos". Apesar da aparência exausta, o estilista não se intimidou em alfinetar as mulheres. Aliás, é o seu visual que merecia ser comentado. Christian Pior usava calça multicolorida, boina e meia em dois tons de vermelho. Antes de distribuir autógrafos e posar de celebridade ao lado das fãs, o humorista concedeu uma entrevista à Gazeta do Cambuí.

Gazeta do Cambuí - Seu primeiro contato com a turma do Pânico aconteceu por meio do programa de rádio que o grupo tem na Jovem Pan. Na ocasião, dentro do quadro Ilustres Comediantes Desconhecidos, você fez o sexólogo Percival. A partir daí, como surgiu o convite para retornar ao programa?
Evandro Santo - Nunca pensei em entrar para o Pânico, porque até onde sabia era uma turma fechada. Mas o que aconteceu: no casamento da Wanessa Camargo não tinha ninguém para cobrir a matéria. O Vesgo e o Silvio eram convidados e o resto da turma tinha outros compromissos. Daí, o Emilio me ligou numa sexta-feira, com a idéia de fazer um estilista afetado. 'Você topa?', ele perguntou. Eu respondi: 'Topo e vamos chamá-lo de Christian Pior, uma sátira ao Christian Dior'. Ele gostou. Juntos batizamos o quadro de Meda. Depois disso fiz o quadro, mas nunca pensei que rolaria contrato. Pensei que ia gravar só de vez em quanto e só. Foi quando pintou o Fashion Rio e logo após fui contratado. Assim o quadro pegou.

E por que faz tanto sucesso? Qual o diferencial de Meda com relação aos outros quadros do Pânico na TV?
Intuitivamente fiz uma coisa diferente. Ao invés de zoar a celebridade e deixá-la em pânico, passei a mexer com o pessoal que está em casa. Mudei um pouco o enfoque. Se for pensar, o personagem fala muito mais de pobre do que de rico, porque ele é um pé rapado. É um estilista deslumbrado que quer fazer parte do que é bom. Ele não é rico, não é chique, não é nada do que aparenta. Ele é brega. Esta é a sátira. O Pior retrata de maneira exagerada o sonho da maioria das pessoas em querer aparecer, ser conhecida e se passar por aquilo que realmente não é. Se eu continuasse zoando os artistas seria mais um quadro, não estaria inovando.

O humor brasileiro tem um arsenal de personagens homossexuais. O que faz Pior se diferenciar deles?
O Christian é um personagem gay que não é vítima. Ele não é palhaço de hetero e nem a bichinha que o pai tem vergonha. Além disso, ele não é heterofóbico. Se ver uma mulher, o Christian elogia. Fala: 'Gente, que mulher linda!'. E nunca: 'Ai, que mocréia!'. É um sarrista. Tira sarro de todos e até dele próprio. Ao contrário das personagens gays que ficam isoladas num gueto, Christian se ambienta em outros lugares. Ele não tem medo.

Christian Pior existe na vida real? Para criá-lo você se inspirou em alguém?
Na verdade, não teve nenhuma inspiração. Ele foi o desespero em montar uma personagem de um dia pro outro. Peguei algumas maldades de amigos e alguns bordões. Foi assim que nasceu.

Por acaso, Gil Seborréia, o colunista da baixa sociedade, também personagem seu, não tem um quê de Pior?
É um embriãozinho do Christian. Só que o Gil não é gay e nem estilista, e o Pior sim.

Todas personagens de humor têm seu bordão. Qual é o do Christian?
Ele tem vários. Tipo: Joga no Google, eu inventei na hora. Chique com sh, eu peguei de um personagem meu, que é a Denilma Bilhões, uma nordestina rica. Ovulei, peguei da Janeyde, outra personagem. Pára tudo e chama a Nasa, coloquei de tanto escutar uma amiga falar. E buzuzu... Este não me lembro de onde tirei.

Ao assistir o quadro Meda, é inevitável não perceber as piadas rápidas, o senso de improviso e o jogo de cintura da personagem. Como você se prepara para dar vida ao estilista?
Todas as coisas que penso durante a semana eu anoto num caderno e daí na hora é só improvisação. É telegrama animado que te dá isso. São dez a doze minutos de quadro, mas para aquilo tudo acontecer são duas horas de gravação. É por isso que digo: quem faz a mágica é o editor e não a gente.

Apesar do sucesso de Meda, há projetos para novos quadros no Pânico?
Já gravei mais três quadros. Um, por sinal, já foi ao ar. Chama-se Show da Luxa, uma sátira ao antigo programa da Xuxa. Ao invés da rainha, as apresentadoras são Tia Paris e Tia Hilton. Ainda gravei Lascados Fitness, que é uma aula de ginástica na laje com Christian Pior; e Despacho de Luxo, com o pai Luis de Oxum do Luxo. São matérias frias que a qualquer momento podem entrar no ar.

Além do programa Pânico na TV, você pode ser visto no show de humor Ab-Surto, atualmente em cartaz em São Paulo. Como foi sua entrada no humor?
Não queria ser comediante, nem ator. Queria ser bailarino. A questão do humor nasceu por necessidade. Por uma questão de grana passei a fazer telegramas animados e festas. Não me considerava ator, porque pra mim ator era aquela coisa do palco, da coxia e de fazer personagens. Sempre dizia: sou um animador de festa. Depois de assistir aos espetáculos Terça Insana e Cócegas, montei o Deboshow, com um grupo de humor de boteco. Fiz depois Carão, Bocas e Botox e Work. Aí parei! Com 31 anos, resolvi fazer o supletivo para terminar o segundo grau. Foi aí que, depois de tanta insistência de Andréa Barreto, minha amiga, voltei a me apresentar em Ab-Surto.

Se o estilista pudesse encontrar o seu intérprete o que diria?
'Chinelo com meia não dá, menino!'. Esta semana antes de ir à reunião de pauta do Pânico na TV fiz tudo que não podia. Dobrei a barra da calça e calcei um chinelo de couro por cima de uma meia. O pessoal da equipe me zoou muito. Com certeza, o Pior tiraria um sarro se me encontrasse daquele jeito.

7 pecados da moda

1. Pochete
2. Sapato preto e meia branca
3. Miniblusa com umbigo de fora com o crachá cobrindo
4. Bota pata de bode (salto plataforma)
5. Cinto ornando com o sapato
6. Camisa de manga curta com gravata
7. Piranha no cós da calça

créditos: Gazeta do Cambuí

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